SACILOTTO EM MOVIMENTO
Sacilotto em Movimento
Em 2024 celebramos o centenário de Luiz Sacilotto (1924-2003), nascido em Santo André, é personagem central, fundador e fundamental da arte concreta, da abstração geométrica e da op arte no Brasil.
Signatário da abstração como um procedimento de análise, que pesquisa e reconhece o suporte com um novo espaço absoluto, autônomo, que se constrói não mais como representação e faz do espaço da tela, da estrutura, o espaço em si mesmo. Em seus trabalhos, Sacilotto compõe e organiza o plano com linhas, pontos, cores, formas e explora a ideia de movimento, concentração ou expansão, conceitos que são abstratos, mas que alcaçam o status de concretos por meio dos materiais utilizados. Atento às coincidências dos problemas matemáticos, a organização do espaço e a composição, radicaliza a síntese e usa a serialização e a repetição dos mesmos signos geométricos, criando uma ambivalência perspectiva-espacial que se abre para movimentos óptico-cinéticos.
Trabalhava com materiais comuns – ferro, esmalte, alumínio, latão e madeira -, que podem ser utilizados tanto na produção industrial com na artística artesanal, viveu numa cidade operária, foi aluno da Escola Profissional Masculina no Brás, foi desenhista em escritório de arquitetura e teve uma serralheria. Entendia a relação entre arte e indústria, e que a reprodutibilidade na arte e o fim do objeto único poderiam alcançar um número maior de pessoas, coerente, criou e desenvolveu um conjunto de obras públicos e institucionais, criou um espaço de arte com outros artistas e deu aulas em equipamentos culturais do ABC paulista. Sacilotto se interessava por múltiplas disciplinas, leu títulos sobre música, pedagogia, física, eletrõnica, robótica, psicologia, fenomenologia, matemática, arquitetura, sociologia, poesia, literatura e arte.
Esta exposição fará uma abordagem biográfica do artista apresentando obras, projetos, estudos e documentos das diferentes fases de sua produção, que revelam a dimensão cidadã, as relações sociais e culturais, destacando seu interesse pelo espaço público, urbanismo e a cidade, mas também abre o debate sobre a atualidade e a ressonância da obra de Sacilotto na arte contemporânea.
A iniciativa do centenário é composta por um conjunto de ações e atividades e se desdobram durante todo o ano e tem o respaldo da família Sacilotto e é um esforço da Secretaria de Cultura, por meio da Casa do Olhar, do IAC – Instituto de Arte Contemporânea, da galeria Almeida & Dale, do MAC USP – Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, com apoio da UFABC e Sabina.
Reinaldo Botelho
Abrill/2024