Cine Theatro Carlos Gomes recebe Sinfônica de Santo André no fim de semana

Cine Theatro Carlos Gomes recebe Sinfônica de Santo André no fim de semana

25 de maio de 2023 Off Por comunicacao

Apresentações serão no sábado, às 19h30, e no domingo, às 11h; programa explora culturas populares por meio da linguagem da música de concerto

 

Santo André, 25 de maio de 2023 – A diversidade das culturas populares apresentada por meio da linguagem da música de concerto é a base do programa que a Orquestra Sinfônica de Santo André (Ossa) leva ao Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes neste fim de semana. As apresentações acontecerão no sábado (27), às 19h30, e no domingo (28), às 11h, com participação da solista Betina Stegmann ao violino e regência do maestro Abel Rocha e do regente assistente Felipe Gadioli. O espetáculo é gratuito e a entrada do público será por ordem de chegada, sujeito à lotação do espaço (400 lugares).

 

“A música folclórica é um tipo de canção popular e tradicional que faz parte da sabedoria de um povo. Este tipo de manifestação musical é transmitido pela tradição oral e, muitas vezes, o autor já foi esquecido ou nem mesmo chegou a ser conhecido pelo mundo. Por isso, as obras refletem o estilo local e preservam uma herança cultural de uma região durante longos períodos. Essas estéticas musicais são exploradas há muito tempo por compositores eruditos, a fim de trazer a riqueza de sua diversidade e importância histórica para a roupagem da música de concerto”, diz o regente assistente Felipe Gadioli

 

A dança criada no século XIX na província cubana de Matanzas, e posteriormente incorporada na cultura mexicana através da colonização espanhola, Danzon n2, de Arturo Marques, abre o concerto. O gênero, baseado em ritmos sincopados, é caracterizado pelo andamento lento e formal que foi o precursor da salsa e do cha cha cha.

 

A composição seguinte transportará o público para a Europa central na região da Boémia, com a obra Vltava ou “O Moldava”, do compositor tcheco Bedřich Smetana. A música homenageia o rio Moldavia (Vltava em tcheco), levando o ouvinte a visualizar o escoar das águas ao perceber notas rápidas dispostas em um constante “vai e vem” desde o iniciar da música, que começam em piano de forma mansa, como a nascente de um rio e depois vão ganhando força. A obra faz parte de um conjunto de seis poemas sinfônicos nacionalistas que procuram retratar aspectos da natureza, das histórias e lendas da região na qual o compositor nasceu.

 

O programa segue com uma obra do compositor francês Maurice Ravel, Tzigane, executada pela solista Betina Stegmann, violinista. A composição é destaque entre os violinistas devido à sua dificuldade técnica. Tzigane se baseia em uma erudição da música popular cigana, sendo assim, percebe-se o exotismo das frases musicais que tangem ao estilo, porém sem imitá-lo, mantendo uma estética própria. A cadência inicial se organiza quase que de forma improvisada, e posteriormente assume a característica de dança, o que sugere uma forte influência da música Klezmer (gênero de música não-litúrgica judaica).

 

O concerto se encerra em terras brasileiras com duas suítes orquestrais. A primeira é o Reisado do Pastoreio (1930), de Lorenzo Fernandez. Dividida em três partes: Reisado, Toada, Batuque, a obra faz referência às celebrações pastoris do Natal, muito presentes na cultura popular do Nordeste, e originadas do sincretismo religioso católico com crenças de matriz africana. Dentre elas, destaca-se o reisado, também chamado de Folia de Reis, manifestação popular folclórica que celebra o nascimento do menino Jesus e rememora a visita dos três reis magos a Belém.

 

A segunda suíte é Museu da Inconfidência, obra de Guerra-Peixe organizada como uma sinfonia em quatro movimentos: I – Entrada; II – Cadeira de Arruar; III – Panteão dos Inconfidentes; IV – Restos de um Reinado Negro. Cada movimento faz alusão à Inconfidência Mineira ou ao Museu da Inconfidência em Ouro Preto. Seu movimento mais famoso é a segunda parte, “Cadeira de arruar”, também conhecida como Liteira, que no Brasil era usada pelos senhores brancos para serem carregados por aí por seus escravos.  “Esta música de Guerra-Peixe pretende-se irônica, ao sugerir que os escravos, cientes de que seus donos não conseguiam vê-los de dentro da cadeira, passavam o caminho inteiro os ridicularizando. Daí o aspecto jocoso de suas melodias e estrutura musicais, alinhadas ao ritmo cadenciado do transporte”, observa Gadioli.

 

Betina Stegmann – Betina Stegmann nasceu em Buenos Aires e iniciou seus estudos de violino em São Paulo, com Lola Benda, continuando-os com Erich Lehninger. Diplomou-se pela Escola Superior de Música de Colônia onde cursou a classe de violino de Igor Ozim e a classe de música de câmara do Quarteto Amadeus. Seguiu logo após para Tel Aviv – Israel e aperfeiçoou-se com Chaim Taub.

 

Mais tarde frequentou cursos ministrados por Pinchas Zukerman e Max Rostal. Como recitalista e solista apresentou-se em várias cidades do Brasil, Argentina, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Bélgica. Realizou gravações nas rádios WDR (Alemanha) e na RAI – Trieste (Itália) estreando obras de compositores contemporâneos. Participou de vários festivais no Brasil e exterior. Atualmente é 1° violino do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo e professora no Instituto Baccarelli.

 

Programa:

Arturo Márquez – Danzón nº2 (1994)

Bedřich Smetana – Minha Pátria – O Moldava (1874)

Maurice Ravel – Tzigane (1924)

Solista: Betina Stegmann (violino)

Lorenzo Fernandez – Reisado do Pastoreio (1930)

César Guerra-Peixe – Museu da Inconfidência (1972)

 

Serviço:

Concertos da Orquestra Sinfônica de Santo André – temporada 2023 | A diversidade das culturas populares através da linguagem da música de concerto

Dias 27 de maio (sábado), às 19h30, e 28 de maio (domingo), às 11h

Local: Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes

Endereço: Rua Senador Fláquer, 110 – Centro

Capacidade 400 lugares

Indicação: livre

 

| Texto: Paola Zanei
apmzanei@santoandre.sp.gov.br / 4433-0142
| Fotos: Alex Cavanha/PSA