Programa da Ocupação Sinfônica – 28/08

Programa da Ocupação Sinfônica – 28/08

24 de agosto de 2022 Off Por admin

Neste programa, a Sinfônica de Santo André também executará composições inéditas, escritas especialmente para nossa orquestra.

A Ocupação Sinfônica propõe um olhar e uma audição diferenciados para os espaços da cidade, propiciando uma nova relação da música instrumental sinfônica com outras atividades culturais, esportivas e sociais. Convidamos nosso publico para, nesse dia, usufruir e participar também das outras atividades programadas para Paço Municipal. Vocês poderão participar também das atividades do Domingo no Paço.

É no saguão do Teatro Municipal que está instalado o Tríptico, de Burle Marx. A obra é um conjunto de três painéis de concreto aparente, encomendado pela Prefeitura de Santo André ao artista, juntamente com a tapeçaria do Salão Nobre e os jardins do Paço Municipal. Burle Marx é um dos maiores expoentes do modernismo brasileiro e sua visão modernista resultou em milhares de jardins, paisagens e obras de arte. Nossa Ocupação Sinfônica conversa, desse modo, com aos 100 anos do modernismo no Brasil.

Nesse concerto, haverá a estreia de duas obras integrantes do Projeto Brasil de 22 a 22.

Durante os dois anos em que nossas atividades presenciais foram suspensas em virtude da pandemia, a Sinfônica de Santo André, paralelamente a sua premiada programação on-line, solicitou a compositoras e compositores brasileiros a composição de uma peça inédita a ser estreada pela Orquestra, que representasse sua visão do que a música de concerto pode oferecer de reflexão neste momento: “Como a música instrumental pode retratar e entender o Brasil neste começo de século XXI, tendo como referência os significados e heranças do movimento modernista de 1922, dos 2 anos de pandemia, da independência de 1822, da circum-navegação realizada em 1522?”

A programação deste ano da Sinfônica de Santo André traz a estreia de 15 novas composições, escritas especialmente para nossa Orquestra por compositoras e compositores brasileiros dos mais diversos e variados perfis. Compostas em gêneros, estilos, tradições e formações distintas, cada uma oferece sua visão do significado de ser moderno, ser contemporâneo, ser brasileiro. As composições serão apresentadas no decorrer da temporada de 2022 e, posteriormente, nos canais virtuais da Sinfônica de Santo André.

Convidamos a todos a colaborar também com a Campanha do Agasalho 2022. Traga sua doação, itens de roupas ou cobertores e doe a quem mais precisa!

Serviço:
Orquestra Sinfônica de Santo André | OSSA
Direção Artística e Regência Abel Rocha

Ocupação Sinfônica e projeto Brasil de 22 a 22

Programa:

Lina Pires de Campos – Toada
Elodie Bouny – Eclipse
Leonardo Martinelli – Canções do lugar-comum / Solista: Nathália Serrano
Johannes Brahms – Sinfonia nº 1 em Dó menor, Op. 68

Dia 28 de agosto de 2022, 11h
Saguão do Teatro Municipal Maestro Flavio Florence | Pça IV Centenário, s/nº – Centro.

Entrada: A entrada ao concerto é gratuita. Teremos 400 lugares sentados na plateia, que serão ocupados pela ordem de chegada. Lembre-se de ceder seu lugar às pessoas que tem direito à prioridade, de acordo com a lei.

Sobre o programa:

Lina Pires de Campos

Pianista e compositora, estudou com Furio Franceschini e Camargo Guarnieri, entre outros. Desempenhou importante papel no ensino de piano no Brasil, sendo assistente de Magdalena Tagliaferro e, posteriormente, formando gerações de pianistas em São Paulo. Compositora premiada, muitas de suas obras foram gravadas e publicadas por editoras como Irmãos Vitale e Ricordi.

Sua Toada para orquestra de cordas  insere-se num universo de composições em pequenas formas, típico da produção camerista de meados do século XX.

Nascimento: Brasil, São Paulo, SP, 18/06/1918
Falecimento: Brasil, São Paulo, SP, 14/04/2003

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Elodie Bouny

Compositora e violonista; ela recebe encomendas para diferentes formações, desde instrumentos solistas até ópera, e tem uma estética de escrita moderna e lírica.

A peça Eclipse para orquestra explora uma escrita densa e sombria, tendo como polo principal o atonalismo, atravessado por momentos tonais e politonais.

Ela é uma metáfora da escuridão que se abate ciclicamente no planeta e que espera pela volta da luz, para que a civilização possa seguir em frente apesar das adversidades. Ela pretende trazer um clima de esperança apesar da escrita escura e densa que apresenta em boa parte da música.

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Leonardo Martinelli

Compositor, doutor pelo Instituto de Artes da Unesp e professor da Faculdade Santa Marcelina e da Academia da Osesp.

Canções do lugar-comum coloca música nos versos que a aclamada poeta mineira Ana Martins Marques criou para o ciclo Visitas ao lugar-comum. Acompanhada por uma orquestra de cordas e harpa, nessa peça a voz feminina explora as diferentes nuances e sonoridades do português brasileiro contemporâneo ao longo de 14 poemas curtos, mas de densa intensidade afetiva.

Confira a letra:

Visitas ao lugar-comum

Ana Martins Marques

1

Quebrar o silêncio
e depois recolher
os pedaços
testar-lhes o corte
o brilho
cego

2

Pagar para ver
e receber
em troca
vistas parciais
uns cobres
de paisagem

3
Dobrar a língua
e ao desdobrá-la
deixar cair
uma a uma
palavras
não ditas

4

Perder a hora
e encontrá-la depois
num intervalo
de teatro
nos cantos empoeirados
do domingo
entre um telefonema e outro
dentro do táxi

5
Dar à luz
e então sondar
num átimo
de abismo
– como um espeleólogo
um cosmólogo
um cenógrafo
um guarda-noturno – a própria
escuridão

6

Perder a cabeça
e então buscá-la
nos últimos lugares
onde esteve
dentro da touca
de banho
sobre o travesseiro
entre os joelhos
entre as mãos
na casa demolida
da infância
sobre suas coxas
mornas
ainda

7

Tirar fotografias
e depois devolvê-las
àqueles de quem as tiramos
à mulher fora de foco
em seu vestido violeta
à casa de janelas verdes
às paisagens
tomadas emprestadas
à casca
de cada coisa
aos vários ângulos
da Torre Eiffel
ao cachorro morto
na praia

8

Cortar relações
e depois voltar-se
verificar se o que restou
suporta
remendo
demorar-se
sobre a cicatriz
do corte

9

Esperar horas a fio
e então desvencilhar-se
das coisas tecidas na espera
dos ponteiros do relógio
cada um mais lento que o outro
dos pelo menos dez cigarros
das poltronas de mogno
uma delas
vazia

10

Amar
profundamente
mas testar
volta e meia
se ainda
dá pé

11

Correr riscos
e ao fim
arfante
da corrida
voltar-se
para avaliar
o traçado

12

Chegar em cima da hora
e espiar
de relance
como quem levanta o tapete
em casa alheia
o que ficou
por baixo

13

Esperar junto àqueles
que caíram em si
que caíram na risada
que caíram no ridículo
que caíram do cavalo
que caíram das nuvens
que a noite
caia

14

Quebrar promessas
e ao recolher os cacos
discerni-los
entre aqueles
do silêncio
quebrado

Ainda é tarde
para saber

Ainda há facas
cruas demais para o corte

Ainda há música
no intervalo entre as canções

Escuta:
é música ainda

Ainda há cinzas
por dizer

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Nathália Serrano

A contralto Nathália Serrano estudou Canto Lírico com Céline Imbert e é em Bacharela em Canto pela FAAM, com Tuca Fernandes. Participou de Masterclasses com André dos Santos, Ana Häsler, Eliane Coelho, Edineia de Oliveira, Brian Zeger, Gino Quilico e Carlos Harmuch. Formada pela Academia de Ópera do Theatro São Pedro. Solos e Personagens: ‘El Sombrero de Tres Picos’, de M. de Falla; Fantasia Coral Op. 80, de L. V. Beethoven; ‘Vesperae Sollennes de Confessore KV339’, de W.A. Mozart; ‘Folksongs’ de L. Berio; “Terceira Dama” em ‘A Flauta Mágica’, de W. A. Mozart; “Pâtre”, em ‘L’enfant et les sortilèges’, de M. Ravel ; “Orestes” em ‘La Bélle Helène’ de J. Offenbach ; “Frau Reich” em ‘As Alegres Comadres de Windsor’; “Poklízecka”, em “O Caso Makopulos”, de L. Janácek ; “Mamma Lucia”, em ‘Cavalleria Rusticana’ de P. Mascagni; “Vera Boronel”, em ‘The Consul’, de G. Menotti; “Terceira Ninfa”, em ‘Rusalka’, de A. Dvořák e “Comissária”, em ‘Café’, de F. Senna.

Trabalhou com os maestros Cláudio Cruz, André dos Santos, Juliano Dutra, Natália Larangeira, Gabriel Rhein-Schirato, Emiliano Patarra, Ira Levin e Luís Gustavo Petri e também com os diretores Mauro Wrona, Norma Gabriel, Caetano Vilela, Iacov Hillel, Walter Neiva, André HellerLopes, Pablo Maritano e Sérgio de Carvalho.

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Johannes Brahms

Um dos grandes pilares da música sinfônica alemã. Somente completou sua primeira sinfonia em 1876, já com idade avançada, com seus 43 anos de idade, algo bastante incomum na época.   Brahms iniciou sua carreira de compositor muito cedo, tendo Beethoven como exemplo, e por essa razão acreditava ser muito difícil compor algo que valesse a pena após Beethoven ter estreado sua famosa Nona Sinfonia em 1824. Brahms começou a rascunhar sua primeira sinfonia em 1855, quando tinha 22 anos e foram necessários mais 21 anos para completa-la. Nesse tempo, desenvolveu sua linguagem orquestral escrevendo diversas obras para orquestra sinfônica.