CHMSA promove palestra sobre visibilidade trans voltada aos profissionais do hospital e da rede de saúde andreense

Palestrante Liliane de Oliveira Caetano falou sobre direitos e representatividade das pessoas transexuais, travestis, intersexo e não-binárias na sociedade

 Permitir que pessoas trans sintam-se acolhidas em diversos espaços sociais ainda é um desafio, e não é diferente nos serviços de saúde. Com o intuito de informar sobre o tema e capacitar cada vez mais os profissionais da área para um atendimento acolhedor a transexuais, travestis, intersexos e pessoas não-binárias, a comissão de humanização do Centro Hospitalar Municipal de Santo André (CHMSA) promoveu nesta quinta-feira (14/03) a palestra “Visibilidade Trans – Direitos e Representatividade na Sociedade”.

Durante cerca de duas horas, a assistente social Liliane de Oliveira Caetano, que integrou a diretoria da ABRASITTI (Associação Brasileira Profissional pela Saúde de Travestis, Transexuais e Intersexos), falou sobre temas como respeito ao nome social, uso adequado dos pronomes (ele/ela;dele/dela) e explicou sobre os conceitos de identidade e expressão de gênero, orientação sexual e sexo (características físicas), e da necessidade de compreendê-los.

A palestrante também esclareceu os colaboradores do CHMSA e da rede de saúde andreense sobre portarias e programas do Ministério da Saúde. Além da questão do nome social – um entrave histórico em muitos casos de atendimento inapropriado -, ela abordou a Política Nacional de Saúde Integral LGBTQIA+, o processo transexualizador e o Programa de Atenção Especial à Saúde da População Trans (Paes Pop Trans), desenvolvido agora em 2024.

Mesmo diante de algum problema de saúde, é comum que pessoas trans deixem de procurar tratamento adequado com medo de serem expostas a constrangimento, o que faz com que doenças evoluam para quadros mais graves. “A saúde precisa ser uma porta de entrada para essa população. Se essas pessoas têm dificuldade de procurar os serviços de saúde é porque não está sendo, isso não só pela forma que já foram, mas que ainda seguem sendo tratadas”, disse Liliane.

Capacitação foi realizada no auditório do Centro Hospitalar Municipal de Santo André

Espaços acolhedores

Segundo a especialista, o atendimento na rede de saúde (básica, especializada, psicossocial, hospitalar ou de urgência e emergência) precisa ser acolhedor, pois o acolhimento é determinante para salvar vidas e os profissionais da área precisam passar por uma “desconstrução”. “Tudo é um processo, porém, sabemos que não é fácil desconstruir algo que aprendemos uma vida inteira. Mas é preciso compreender para avançar, investindo em trocas, informação e diálogos. E esse processo de desconstrução também implica o envolvimento das gestões.”

Palestrante com gestores do CHMSA e da rede de saúde (da esq. para a dir. Vanessa Malerbi, Liliane de Oliveira Caetano, Victor Chiavegato, Luciane Suzano Pereira Cunha, Tomaz Eugenio Abreu Silva e Luci Bulla)

Liliane ainda lembrou que a questão vai além do acolhimento e da compreensão. “Nós temos a obrigação de não discriminar, pois a discriminação e o desrespeito a essa população é crime, passível de condenação. É preciso assegurar os direitos dessas pessoas em todos os espaços, e na saúde não é diferente. Conversando sobre o assunto a gente vai entender em que processo está de aprendizado para conseguir evoluir”, atestou.

Travessias

Recentemente, a Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, entregou a nova sede do ambulatório Travessias, um espaço multidisciplinar de cuidados para pessoas com variabilidade de gênero, que funciona dentro do Poupatempo da Saúde, no Atrium Shopping. No local, além do acolhimento, é oferecido atendimento individual e em grupo; acompanhamento médico com equipe multiprofissional (psicologia, psiquiatria, endocrinologia, assistência social e enfermagem); encaminhamento para a rede socioassistencial; prescrição de hormonioterapia e encaminhamento para cirurgias do processo transexualizador.

Segundo o psiquiatra Tomaz Eugenio Abreu Silva, diretor clínico do CHMSA e presidente da comissão hospitalar de humanização, o novo espaço é importante para dar visibilidade às pessoas trans e promover a reflexão sobre diversidade, visando à diminuição de estigmas e preconceitos. Embora seja um espaço adequado para acolher da melhor forma uma população muitas vezes marginalizada, o médico ressaltou ser fundamental que todo serviço de saúde tenha esse olhar responsável e acolhedor.

“O ambulatório Travessias é especializado na população trans e oferece um cuidado mais específico, mas essas pessoas também precisam de outros serviços de saúde. Com esse debate, Santo André demonstra que quer, de fato, efetivar uma linha de cuidado em toda a sua rede, trazendo o respeito para dentro de suas unidades. Essa dever ser a visão não só na saúde, mas na sociedade como um todo”, defendeu.

Comunicação Rede de Atenção Hospitalar de Santo André
Coordenação: Gustavo Baena
Fotos: Comunicação Rede de Atenção Hospitalar de Santo André

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