CHMSA celebra os 30 anos de luta contra a Aids

Rodas de conversa e testes rápidos de HIV são realizados para marcar semana especial no Centro Hospitalar Municipal de Santo André

O Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado em 1º de dezembro, está completando 30 anos. Para marcar esse período de histórias e conquistas na resposta global ao HIV, o Centro Hospitalar Municipal de Santo André “Dr. Newton da Costa Brandão” promoveu uma série de atividades visando ampliar os testes para diagnóstico, além de abrir espaço para debates sobre prevenção, tratamento, combate à doença e aos preconceitos. Denominada “Semana de Conscientização no CHMSA”, a ação foi aberta nesta quarta-feira (05/12/18), no anfiteatro, pelo Dr. Ricardo Cruz, diretor técnico do hospital, e contou com a participação de dois convidados especiais.

Um dos destaques da programação foi o bate-papo com o ator e produtor cultural Rafael Bolacha, apresentador do canal “Chá dos 05” e autor do projeto “Uma Vida Positiva”, que inclui blog, livro e vídeos. “Sou avesso ao formato de palestra, gosto mesmo de uma roda de conversa e que as pessoas sintam-se livres para me perguntar o que quiserem. De início, foi muito complicado, mas com o tempo, o apoio da minha família e a função que o projeto passou a ter na vida de muita gente entendi que ser soropositivo não me define, é apenas um aspecto sobre mim”, disse ele, que ainda sorteou livros entre os presentes e distribuiu autógrafos.

Na sequência, a infectologista Elaine Matsuda, do ARMI (Ambulatório de Referência em Moléstias Infecciosas) e do Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST/Aids de Santo André, traçou um perfil do HIV no município e abordou experiências exitosas. Entre elas, a estratégia – pioneira no SUS (Sistema Único de Saúde) – desenvolvida pela Prefeitura para o diagnóstico precoce do HIV em pacientes cujos resultados deram negativo em testes rápidos.

O objetivo é evitar que pessoas que estejam no período de 30 dias conhecido como janela imunológica – e já infectadas – passem a transmitir ainda mais o vírus por causa de um “falso negativo”. A médica retornou recentemente da Holanda, onde participou da Conferência Internacional sobre Aids e apresentou o trabalho “Infecção Aguda pelo HIV entre Pacientes Recém-Diagnosticados em Santo André”.

O estudo servirá para o direcionamento das ações de prevenção da doença, Foram avaliados 204 casos recém diagnosticados com infecções pelo HIV entre 2012 e 2017, de um total de 1.337 admitidos no serviço neste período.

“Nos chamou a atenção que cerca de metade dos casos possuíam marcadores de infecção recente, que tenha ocorrido há menos de 06 meses, e que 63% dos casos eram de pessoas que já tinham feito um teste de HIV anterior com resultado negativo. A pesquisa também identificou que os casos mais graves da infecção têm ocorrido entre homens heterossexuais, público que não tem o hábito de fazer exames preventivos e, quando diagnosticada, a doença já está na fase aguda”, relatou a médica, emocionada por retornar ao CHMSA, onde iniciou seus trabalhos na rede andreense.

As duas apresentações, organizadas pelo Departamento de Comunicação e pelo Núcleo de Educação em Saúde (NES) do CHMSA, foram abertas não só aos funcionários do hospital e aos profissionais da rede de saúde de Santo André, mas também a estudantes e ao público em geral.

Já na quinta (06/12/18) e na sexta (07/12/18) foram realizados, pela equipe do NECIH (Núcleo de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar), testes rápidos de HIV/Aids apenas para funcionários do Centro Hospitalar e da rede municipal de saúde, além de serviços de acolhimento e aconselhamento.

Aids no Brasil – O tempo passou e hoje é possível viver com o HIV, mas a Aids ainda é uma realidade. Atualmente, 75% das pessoas vivem com o vírus e conhecem seu estado sorológico. A meta da ONU (Organização das Nações Unidas) é garantir que até 2020 esse número chegue a 90%; que pelo menos 90% dessas pessoas recebam tratamento; e, entre os que recebem tratamento, 90% se tornem indetectáveis – estado em que a pessoa não transmite o vírus e consegue manter qualidade de vida sem manifestar os sintomas da Aids. No Brasil, 92% das pessoas em tratamento já atingiram esse estado, segundo o Ministério da Saúde.

O SUS tem colocado à disposição da população estratégias e tecnologias avançadas para prevenir a infecção pelo vírus, como a Profilaxia Pré-Exposição (PREP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), além de ampliar o acesso ao diagnóstico precoce e ações específicas para populações-chave para resposta ao HIV, como pessoas trans, gays (homens que fazem sexo com homens), trabalhadores do sexo, população privada de liberdade e usuários de álcool e outras substâncias.

Em Santo André, a população pode procurar o CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) para a coleta de sangue para exame laboratorial (sífilis, HIV e hepatites B e C), sem necessidade de encaminhamento. Tanto o CTA quanto o ARMI funcionam no mesmo espaço, agora em novo endereço: rua Paulo Novais, 501, na Vila Vitória.

“Em tempos de total controle da infecção com o uso da medicação seria mais adequado dizer que a pessoa é anti-HIV positivo e não HIV positivo. Se ela tem anticorpos contra o vírus, não encontramos vírus circulando pelo sangue, ela não o transmite”, comentou Elaine, sem deixar de fazer um alerta. “Isso não significa que a pessoa está curada. Se ela parar a medicação, aí sim, terá carga viral e várias partículas do HIV a serem contadas e, de fato, será HIV positivo.”

Fonte: Comunicação CHMSA “Dr. Newton da Costa Brandão”
Supervisão: Gustavo Baena
Fotos: Comunicação CHMSA

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