Festival de Inverno de Paranapiacaba:
20 anos de história
O Festival de Inverno de Paranapiacaba alcança a sua vigésima edição!
Uma série que segue anualmente ininterrupta até 2019, tem em 2020 uma lacuna justificada pelo momento pandêmico, e retorna agora em 2021 repaginada em formato digital.
Ao viajarmos no tempo e relembrarmos a edição pioneira realizada em junho de 2000, iremos nos deparar com a Vila de Paranapiacaba evidenciando décadas de abandono, com uma população local desmotivada e sem perspectivas, se contrapondo ao momento inicial de revitalização da Vila, com a instalação de uma unidade de gestão local, com o início das tratativas de compra da parte baixa Vila pela Prefeitura de Santo André que se concretizou no ano seguinte.
Mais do que atender a uma antiga expectativa e uma ideia que há anos circulava de ter Paranapiacaba como palco de um festival de jazz, blues, enfim de arte e cultura que pudesse aquecer o inverno, o FIP surge como uma ferramenta de impulsionamento do desenvolvimento local.
A arte utilizada na divulgação da primeira edição traduz bem a intenção do evento: ao fundo a imagem do patrimônio arquitetônico e natural e a frente em primeiro plano fotos de moradores do local. Mais do que destacar e dar relevância ao patrimônio construído e natural o evento buscava envolver a população local, trazendo-os para ocupar o papel de protagonistas na conversão desta Vila outrora ferroviária em um destino turístico.
O sucesso do FIP estimulou a abertura de pequenos empreendimentos locais que passaram a atender as novas demandas trazidas pelo turismo. O projeto “Portas Abertas” com os Ateliês residência, os restaurantes (Fog e Fogão), as pousadas (Bed & Breakfast) entre outros pequenos empreendimentos até hoje recebem turistas que além de terem suas necessidades atendidas, podem vivenciar o modo de vida local, entrando nas casas de madeira e saboreando as delícias locais como o Cambuci e outras feitas no fogão a lenha, nos remetendo a tempo, um ritmo e a uma paisagem e que, apesar de tão próxima, contrasta brutalmente com a urbanização maciça da região metropolitana de São Paulo.
Mais do que um simples evento o FIP foi uma das principais ferramentas de divulgação externa de uma nova imagem da Vila de Paranapiacaba, atraindo turistas qualificados, que por sua vez geraram demandas que estimularam os moradores locais a se envolver com o processo turístico e criar uma nova opção de renda e uma nova expectativa de vida local.
No aspecto cultural o FIP foi um grande espaço para a produção local que teve presença garantida em todas as edições, mas também trouxe para o palco serrano grandes nomes do cenário nacional e internacional.
Apenas para recordar alguns nomes nacionalmente conhecidos que por lá passaram: João Bosco, Seu Jorge, Lenine, Zélia Duncan, Maria Rita, Milton Nascimento, Fafá de Belém, Arnaldo Antunes, Palavra Cantada, Guilherme Arantes, Ivan Lins, Zeca Baleiro, Toquinho, Antonio Nobrega, Luiz Melodia Naná Vasconcelos, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, André Geraissati, Blues Etílicos, André Christovan, Duo Fel, Renato Borghetti, Wagner Tiso, Victor Biglione, Uakti, Leo Gandleman, Fernando Noronha, Nuno Mindelis, , Zimbo Trio, Altamiro Carrilho, Yamandu Costa, Tom Zé, Hamilton de Hollanda, Raul de Souza, Flavio Venturini, e muitos outros…
Também tivemos atrações internacionais como Stanley Jordan, Vernon Reid, Eddie Campbell, Scott Henderson.
A longa parceria firmada com a Unidade do SESC Santo André na elaboração da programação tem garantido oferta cada vez mais rica e diversificada de atrações culturais que somadas ao cenário local, encantam os visitantes.
Atração promovida em parceria com o Sesc
O sucesso absoluto do evento fez com que ele se firmasse como um dos maiores atrativos do calendário cultural regional e atraísse multidões para a Vila de Paranapiacaba.
Uma grande alegria, mas também motivo de preocupação, uma vez que Paranapiacaba pelas suas características e sensibilidade exige uma série de cuidados para a sua preservação e o FIP começava a se tornar maior do que a própria vila.
Atento a esta situação o prefeito Paulo Serra, logo no primeiro ano da sua gestão, teve a ousadia e coragem de aceitar a proposta de sua equipe envolvida no planejamento do evento e implantou um novo formato para o FIP já em 2017.
O evento passa a ter estruturas artísticas (palco, barracas, estruturas metálicas) com porte e quantidades reduzidas de forma a não competir e conflitar com o patrimônio local e as atrações artísticas também tiveram o seu porte reduzido, mas aumentaram em quantidade ocupando as ruas e diversos locais da vila e distribuídas durante todo o período de programação, evitando as concentrações que os grandes shows causavam anteriormente.
Assim o turista passa a ter uma experiência diferenciada, na qual pode ver o patrimônio edificado, sem ter grandes interferências e pode circular pormais tempo e por toda a Vila tendo em seu trajeto pequenas intervenções culturais que acrescentam um novo sabor a sua experiência. A Vila passa a ser a grande atração e Paranapiacaba é o maior palco!
A situação pandêmica impede a realização do FIP em 2020, mas em 2021 o XX FIP ressurge em versão totalmente digital, uma mostra da disposição da gestão municipal em inovar e criar alternativas neste cenário adverso, e talvez uma opção que no futuro possa se somar a versão presencial e ampliar para um número maior de pessoas as possibilidades de acesso a Vila e seus atrativos, conhecendo assim este patrimônio andreense já reconhecido pelos tombamentos municipal, estadual e federal e que está na lista tentativa para reconhecimento como patrimônio da Humanidade (UNESCO).